sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Completando...







Vejam se é possível uma coisa mais Cuca do que essa sombrinha Betty Boop. Ganhei de Natal da Bel. Em 2008, preparada para feijoadas e para chuvas. Melhor impossível!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Aguentem!




Cuca, na noite de Natal, vestida com seu maravilhoso avental pra lá de fashion - desing by Lari; execução by mãe da Lari. A dupla promete! Já o fotógrafo ficou devendo.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Isso não devia acontecer comigo

Quem me conhece sabe que tem algumas (várias) coisas que nunca deveriam acontecer comigo. Não sou muito tolerante com erros (dos outros e meus tb) e não suporto burrice. Não sou da política do "deixa pra lá", levo a vida a sério ainda que adore rir e sou a própria defensora dos "pobres e oprimidos", dos direitos do consumidor e do cumprimento da lei.
Coisas que não deviam acontecer comigo (e menos ainda num só dia):
1. Check-out do hotel: "Certo, então vou debitar do cartão R$ 864,00". Como?!?! "Desculpe, eu não pago as diárias". A moça era realmente simpática e foi o que me conteve. Ligo para a Bia, nem ela não acredita que a agência deu conta de fazer meleca comigo outra vez! Em menos de 10 minutos, a coisa se resolveu. Incrível a incompetência dssa agência. É a segunda viagem consecutiva que eles fazem meleca. Na anterior, me colocaram num hotel indecente que eu já havia dito mil vezes que não ficava. Numa avenida que se chama Perimetral, e, quem não é muito lesado sabe, que Perimetral em qualquer cidade significa barulho de ônibus e caminhão noite e dia. É daqueles hotéis que o quarto e o banheiro são uma coisa só, divida por um box que quinta. Nem preciso dizer sobre a frequência e o cheiro de mofo. Enfim, dormi uma noite (já havia ficado nesse pardieiro numa outra vez) e tive um xilique. Também dessa vez a Bia resolveu a parada, mas armei um barraco. Agora, os caras já sabem que sou chata, que reclamo mesmo, que não vou engolir e ainda asim marcam na reserva "pagamento direto"? Por favor, é querer encrenca.


2. Voe Gol: odeio voar Gol, sinto muito, mas é uma porcaria (verdade que nunca voei Bra). A começar por aquela fila absurda de check-in. Mas qual é o problema? Ninguém percebeu que o sistema não funciona? Que SEMPRE há uma fila gigantesca nos balcões? Que sempre tem que ter pelo menos 3 funcionários cuidando da fila e passando à frente aqueles que devem embarcar? Que talvez com mais 3 balcões nem teria tanta fila e bastaria uma fita? Não posso acreditar que só a mim ocorra tão brilhante idéia. E aquela barrinha de cereal e suco de goiaba light ou de manga? Goiba e manga dentro daqueles aviões lotados e apertadésimos é um atentado à sensibilidade olfativa. Quem teve a idéia de escolher duas frutas com um cheiro tão característico? Não conheço uma pessoa que tenha voado Gol e não detone o "lanchinho". Ninguém da empresa se tocou? E se for por economia, dá uma bolachinha de água e sal e pronto. Como não podia deixar de ser, o vôo atrasou. Não é que estava lotado,estava super lotado. Não prestei atenção e me colocaram na penúltima fila - menos mal, podiam ter colocado na última que é do nível do inacreditável de espremida. É certo que vamos acabar em Guarulhos, mas o comandante informa que aterrisaremos em Congonhas. Não é que o idiota do lado fala que prefere Guarulhos por causa da pista. Ora, se prefere então toma um vôo para Guarulhos que é mais barato e tem aos montes! Óbvio que fomos para Guarulhos. Saímos às 18h30 do trabalho e chegamos em São Paulo (Guarulhos) à meia-noite, quase que dava para chegar a Miami!!! Sempre peço para voar Varig - que saiu um pouco antes e pousou em Congonhas, mas o Financeiro só aprova Gol, que seria mais barata. Descubro no dia seguinte, conversando com a menina que veio Varig, que dava R$ 30 a mais. R$ 30?!? Pago eu! Avisei trocentas vezes que esse vôo da Gol é péssimo, que se atrasa a gente vai para Guarulhos, que, além de ser super exaustivo, acaba saindo mais caro e blábláblá. R$ 99,90 de táxi! Super economia, hein?

3. Guerra para estacionar: já não vou a shoppings para evitar o estresse por uma vaga. Como ando pra lá de pavio curto, decidi que, nesses últimos dias do ano, iria fazer um esforço hercúleo para não arrumar encrenca, ou seja, não me incomodaria com o trânsito e nem com os motoristas, que relevaria a fantástica falta de educação que dominou o universo masculino em relação às mulheres nos últimos tempos (a saber, não me incomodaria de homens passarem na minha frente no elevador, de faltarem me atropelar sem a menor sem-cerimonia, de falarem as maiores grosserias entre eles ignorando a minha presença etc.), que não me irritaria ser super mal atendida em lojas e restaurantes. Assim, depois de dar 3 enormes voltas nos jardins, estacionei a quilômetros do lugar onde iria e comecei minha travessia. Imbuída de toda essa "armadura zen" estava passando em frente à padaria quando um debilóide avança com seu carro calçada adentro na disputa por uma vaga. Sério, acho que ele estaria disposto a me atropelar só para "passar para trás" a mulher que esperava a vaga. Ela revoltou-se, é claro e, acreditem, jogou o carro em cima do outro, me deixando entalada entre os dois carros. Porra, mas aí também é demais. "Porra, mas vcs vão me atropelar por causa de uma bosta de uma vaga?!?!". Bem que eu tentei, mas não deu.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Festas de dezembro

A verdade é que não me sinto mesmo "normal" com as festas de dezembro. Mas também não sou muito normal no resto do ano. Não consigo me impregnar com o espírito da coisa.
Mas esse ano, que foi de doer (e ainda não acabou, sempre deixando aquela margem para mais chateações), resolvi ser totalmente corporativa. Justo eu! A-D-O-R-E-I! Quase que me senti normal. Foi uma boa medida. Fúria à apresentação de resultados e à festa da firma, conheci uma montanha de gente que, embora conhecesse, nunca tinha visto - resultado das maravilhas das tecnologias de comunicação - e mais, foi super bacana conhecê-las. Enfim, eu Cuca, adorei a festa da empresa.
Mas ontem, voltando de Porto Alegre, numa fantástica viagem de 6 horas (meio de transporte: avião), irritadésima com tudo, pego um táxi em Guarulhos, cujo motorista, embora alertado para o fato de eu ser fumante, já abriu o diálogo com os malefícios do fumo (hello, e os malefícios de alguém achar que pode - e deve - se meter na sua vida, à meia-noite, de uma quinta-feira, véspera de feriado?). Decido pelo silêncio imediato, mesmo porque o cara estava voando muito mais rápido do que aquele indecente vôo da Gol e eu estava tentando não sentir aquele desejo enorme de ter, como diria um amigo de minha mãe, uma pistola (ou metralhadora, dependendo do caso) com um silenciador e pif! só um zunido e a pessoa no chão, e então, veio aquela onda de final de ano. Desculpem o óbvio, mas foi um ano difícil pra caramba, só superado por aquele em que meu irmão morreu. E quase já ia entrando no meu estado "festas de dezembro" quando, não sei exatamente por qual mágica, consegui alcançar o futuro, que sempre faz sobrar o melhor da vida e dscarta o cotidiano mesquinho que nos engole na passagem, e comecei a lembrar do melhor de cada um com quem estive neste ano. Não me pareceu um ataque "pollyana" - só um filtro rápido sobre o hora a hora, que foi esse ano.
E, se de fato, alguns tornaram a coisa tão ruim, muitos foram, cada um a seu modo e no seu limite, aconchego, prazer, consolo, alegria, descoberta, risadas.
E já tornei-me óbvia.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Caixinhas

Primeiro não tinha blog. Então a Lari me animou e fez um blog pra mim, que é esse. Aí me animei com a história e fiz mais outros.
Primeiro não tinha bichos, depois apareceu a gata. Então, para ela não se sentir sozinha, adotei o segundo bichano. Tenho cinco gatos.

Primeiro não tinha nenhuma tatoo. Então, o Lauro me convenceu que o Polaco era máximo (e é mesmo!), era amigo dele e faria um preço camarada. Fomos ao centro e nos tatuamos todos: a Margarida, o Be e eu. Já tenho três tatoos.

Primeiro só usava Bic escrita fina, que nem existe mais, depois ganhei uma caneta tinteiro de meu padrasto. Tenho mais de 10, e nem uso.

Primeiro ganhei uma caixinha marroquina, lindinha. Hoje entre latinhas e caixinhas não poderia revelar quantas são - porque não sei e há limites para o descaramento.

Primeiro não comia sobremesa nunca. Não gosto de doces em geral e chocolate em particular - sou muito metida e só como "os melhores" (juro que não é provocação, chocólatros queridos). Agora, não deixo passar um petit-gateau, nem do boteco da esquina - pasmem!

Nota-se que sou obsessiva. Sei disso muito bem e tenho pagado caro por isso, não se preocupem.

Assim, cadernos, papéis, lãs, botões, lápis, fitas, retalhos, miçangas, tintas acabaram ocupando armários, prateleiras, caixas e o meu espaço.

Em abril, quando saí um mês INTEIRO de férias, tomei a decisão. Abri cada armário, cada gaveta, cada caixa, cada saquinho e botei fora quilos de coisas. Fui metódica (não deixei passar nenhum cantinho), e desapressada. Há tudo que cabia a pergunta "mas será que vou usar?", rua. O que era lixo, lixo, e o que não era, fez a festa das filhas da Beth.

Levei quase o mês inteiro nessa tarefa. O mais profundo exercício da revisão da vida e do desapego. Curiosamente tenho pouquíssimas coisas que entram naquela categoria "isso eu não daria mesmo". Foi ótimo. Ao final, havia armário de sobra, gavetas e gavetas vazias, nada dentro de um saquinho plástico porque um dia iria reformar, tingir, usar.

Fiquei felicíssima e me prometi manter a ordem.

Não há mais um armário vazio, nenhuma gaveta sobrando. Papéis, caderninhos, blocos, canetas, sapatos, malhas, novas caixinhas já tomaram a paisagem doméstica.

Estou outra vez infernizada por um armário lotado, e sempre as mesmas três calças, cinco blusas e quatro sapatos. Pela caixa das contas que está um caos, pelos documentos que já se espalharam em esconderijos super seguros, criados por mim mesma, e que, óbvio, não faço a menor idéia de onde sejam.

Olho desanimada as pilhas crescerem. Não tenho a menor vontade de lidar com a coisa.

No meu caso, o inferno não são só os outros - sou eu mesma também.

domingo, 25 de novembro de 2007

A la Pollyana

É domingo e tenho de terminar o planejamento para 2008. Isso quer dizer: trocentas datas, mil informações para checar (porque, é lógico que todo mundo fez nas coxas e mesmo sabendo que a data precisa é fundamental colocam "entre janeiro e fevereiro", tks! era isso que eu precisava!) e uma encantadora planilha excell (que só é batida na tarefa "como um programa pode ser tão idiota e complicado" pelo project, que, honestamente, acho que vou desistir da idéia de que talvez, com um esforço considerável, eu conseguisse usar), com um sol saudável entrando pela janela, com uma noite mal dormida e uma dor de cabeça que me persegue, ainda assim, penso: "ops! podia ser pior: imagine se eu tivesse que ir para aquele "blade runner", que é o prédio da empresa. Apavorante aos domingos: a nítida sensação que o mundo sofreu um ataque com bombas de nitrogênio e sobrou vc e mais 10. mas posso trabalhar em casa, fumando quantos cigarros me der na telha, bebendo quantos dry-martinis aguentar, ouvindo jonnhy cash, que virou o meu novo vício - não se preocupem, passa, sou assim, obsessiva - sozinha com meus gatos". Ufa! em pleno efeito pollyana.
Meu novo óculos não ficou pronto e agora só vou poder pegar no outro sábado, mas tudo bem, se ficar mais uma semana enxergando mal, vou dar mais valor para essa aquisição nada baratinha. Pollyana em gotas.

A semana foi dos infernos. O mal venceu mais uma batalha - o que tem se tornado quase a regra - e a Lari se foi. Perco mais um dos meus prazeres no trabalho. A boa conversa, o senso de humor impagável, uma sensibilidade para a notícia invejável (e não só para a notícia) e, para além de tudo, super do bem. Mas, como me advertiu a Bárbara, "é super bom para ela, então, estamos contentes, gostamos dela". ok, bárbara, vc tem razão: estou contente por ela. Sou a própria Pollyana!
Nota de rodapé: Para quem não leu "pollyana" é a maldição das meninas da minha geração e de tantas anteriores, foi escrito em 1913, se não me engano, e, em síntese, trata-se de uma órfã, que vive com uma tia sem coração, mas que aprendeu com o pai o "jogo do contente" - sempre focar no lado bom das coisas, apesar de todas as enormes adversidades da vida e sacanagens que te aprontarem. Sem comentários.

sábado, 17 de novembro de 2007

...


Estado de espiríto

"O bom de morrer jovem é que você escapa das humilhações que a vida lhe preparou"

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Peixe na Semana Santa

Quando comecei em jornalismo existia o Domingos. Editor de capa da Folha de S.Paulo há muito tempo, o homem era o mau-humor em pessoa. Mal se dirigia a nós, moleques e molecas encantados, no começo de nossas carreiras, com o universo da informação. Reclamava de todas as chamadas que mandávamos para a capa por mais que nos esforçássemos. Nem esperávamos um elogio, isso, nunca, mas um pouco menos que um bufar e resmungar já nos teria feito a semana. Sempre gostei dele. Fiz que fiz até que ele me suportasse e até, vez ou outra, se dignasse a me chamar para reescrever a chamada com ele - o que, no meu tempo, era prêmio.
Íamos, editores "empolgados", para a reunião das cinco, um clássico para quem trabalhou na Folha (e para quem não trabalhou é a reunião de fechamento - vende-se o que há de melhor para a primeira página do jornal).
Vendíamos, portanto, para o Domingos, independente do secretário de Redação que estivesse. Ele tinha uma letra miuda e anotava tudo numa lauda - tudo que ele considerasse. Assim, falávamos de olho na mão do Domingos. Olhar para nós, nem sonhar.
E, ele tinha uma frase clássica para qualquer coisa que nós, jovens "empolgados", vendíamos como uma fantástica novidade. "Já demos isso". "Mas, Domingos..." "Isso é como 'não vai faltar peixe na Semana Santa'". Falava isso em tom de ladainha, o que tornava a coisa mais desalentadora ainda.
Sim, isso é como "não vai faltar peixe na semana santa", só agora entendo e percebo que não é engraçado - aliás, é chatésimo.
Estou começando a achar essa coisa de jornalismo muuuuuito chata e isso é muito triste.

sábado, 10 de novembro de 2007

Vermelho

Coincidência ou sincronicidade? O limite entre a superstição e a ciência, considerando a psicologia uma ciência, o que é meio duvidoso.

Sábado de chuva e sol. Odeio que o clima fique bipolar. Chega eu.
Mesmo assim vou fazer as unhas - não porque tenha vontade, mas faz parte do meu instrumental de sobrevivência. "Escolhe o esmalte meticulosamente por ver na cor razões que irão se explicar". Jaboticaba ou framboesa - de qualquer jeito será um vermelho. Preciso de unhas vermelhas.

Atravesso a rua. Desço a passos largos, em cima da hora. Ai preguiça! Noite não-dormida, vontade zero. O dia promete - pelo menos é sábado. Se nada der errado, trabalho pouco.
Não olho para o chão. Mas por quê? Sempre olho onde piso, o que está acontecendo? Paraliso-me a um centímetro da andorinha sangrando morta no chão. Quase pisei. Fecho os olhos. O sangue ainda escorre. Quem fez isso? Quem faz uma coisa dessas?

Sigo em frente, atrasada. Não posso parar de me perguntar por que trombei com a tal andorinha? Atravessasse no semáforo, como faço sempre, já não teria nem sabido da andorinha. Tivesse saído mais tarde, como sempre faço, talvez já tivessem recolhido.
O dia prometia, e se cumpriu. A capacidade do ser humano para o mal é infinita.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Confessionário

Primeiro devo confessar minha enorme vontade de não trabalhar. É raro, mas acontece. Trabalharei à mesma.

Há uma coisa muito curiosa no blog. Escrevemos ou podemos escrever como num "diário", pra gente mesmo. Essa, de certa forma, é a graça da coisa. No entanto, sabemos que pessoas poderão e, provavelmente, vão ler. É melhor que um diário, é um verdadeiro confessionário, do qual, imagino, saímos de aliviados, satisfeitos de ter compartilhado aquele segredo, aquela vergonha. Num blog somos nós e também o personagem que escolhemos, alguma parte de nós que, embora não tenha prevalecido na vida, é a que mais gostaríamos que tivesse. Não somos o que gostaríamos, somos o que somos. Uns admitem essa "fraqueza", esse limite. Outros, convencidos de que são aquilo que gostariam de ser, não admitem sua condição de ser limitado, acreditam-se.

Descobri muito cedo que qualquer realidade é melhor do que qualquer fantasia e que qualquer verdade é melhor do que qualquer mentira. Torna a vida mais fácil, mais solta, mais livre, menos medrosa, menos hipócrita. Mas, sei que tendo escolhido esse lado jamais saberei se não teria sido melhor escolher o outro. Não temos duas vidas. Não há como saber.

Se perceber repleto de defeitos, sujeito aos erros mais idiotas, capaz de sentimentos terríveis, não é escolha, acontece. Essa percepção nos faz capazes de entender que sempre o erro pode ser nosso, que sempre a inveja pode ser nossa, que sempre podemos agir respondendo aos impulsos nada nobres e, por saber dos horrores que somos capazes, cuidamos de não fazê-los. Compramos brigas, muitas vezes perdemos, outras tantas temos certeza que devíamos abandonar a necessidade de justiça (único parâmetro para, em meio à própria precariedade, nos mantermos gente) e mesmo assim não podemos largar. Repito, não é escolha, acontece ser assim.

Queremos nos convencer que "escolhemos", mas, a verdade é que não tivemos, e nem temos, a opção de acreditar que somos aquilo que gostaríamos de ser.

A parte "diário"

Por muitos anos fiz terapia (é claro!). Muitos tipos. Por quatro anos fiz análise mesmo. Nunca deitei num divã porque odeio coisas que me parecem estereotipadas. Mas, três vezes por semana, sentava-me diante do psicanalista e, falava. Analistas falam pouco, muito pouco. Numa sessão, descontrolada de ódio que estava - ódio da vida, do mundo - disse: eu não entendo por que preciso sofrer com essas coisas. conheço dezenas de pessoas que nem se incomodam, que vivem mil vezes melhor, que não sofrem, quem nem percebem, que confiam em si mesmas, por que eu não posso ser assim?!?!?. E, numa das poucas falas nesses 3 anos, ele disse: cuca, é inútil, quando alguém vê alguma coisa, mesmo que não queira, pode fechar os olhos o quanto quiser mas sempre terá a imagem na mente. Sempre "verá", mesmo de olhos fechados. É assim.

A parte "confessionário"

Não sou uma pessoa propriamente insegura, quem me conhece sabe. Mas sempre desconfio de mim mesma. Sempre acho que posso estar errada. Sempre questiono que sentimento "menos nobre" poderia estar me movendo. Se desconfio de minha honestidade, paro. Faço isso mesmo quando é óbvio que não deveria, que isso não me trará benefícios algum. Sou judia e a culpa é, portanto, atávica. Sempre peço desculpas. E sinto muita, mas muita vontade de me lagar. De me permitir a "normalidade": a frase feita, o auto-elogio, as certezas.

Enfim, sigo querendo ser quem não sou. Batalha perdida, é claro.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Sem curso superior

Meu pai não terminou o ginásio (o que hoje corresponde ao 1º grau). Era um homem inteligente. Mais do que isso: sabia que sempre há o que aprender e que a vida se faz fazendo. Falava cinco línguas e arranhava, sem pudor, qualquer uma que fosse necessária para fazer um negócio. Como um bom judeu, adorava negociar. Era sua natureza e seu dom. Assisti-lo numa negociação será para sempre uma das minhas lembranças mais carinhosas. Eu seria incapaz. Trabalhou em trocentos ramos, ganhou muito dinheiro e perdeu mais ainda, mas adorava negociar - a camisa na loja, o carro com o "patrício", fornos gigantes para grandes metalúrgicas, sistemas ecologicamente corretos para tratamento e economia da água. A alma da coisa era negociar. Fazia isso com um prazer e com uma astúcia que jamais esquecerei. Adorava jazz e música clássica e teve uma das coleções mais fantásticas que já vi. Viajou o mundo. Adorava ler. Lia sempre e muito. E, adorava contar piadas. Era excelente nisso - um típico judeu.
Ontem, numa daquelas conversas sempre agradáveis e divertidas com o Carlinhos Brickmann, ele largou. "Bom, Cuca, você ainda tem curso superior, mas, como digo, o Koscho e eu, que nem isso temos, não tínhamos outra saída senão ser jornalista". Genial!
Nada contra estudar.
Mas, não pude deixar de pensar que era absolutamente fantástico que esses dois jornalistas (e vários outros dessa geração) não precisaram de toda essa montanha de cursos (superior, MBA, mestrado, doutorado blábláblá) para escrever super bem, ter olhar jornalístico, ética em seu trabalho e sentir a notícia de longe, não o relato do óbvio, a notícia. Concordando ou não com a posição deles em seus artigos, é inegável a qualidade do trabalho. Também eu não sou formada em jornalismo, como muitos da minha geração. Somos, eles e nós, jornalistas porque sim. Diria até que, embora façamos isso com gosto e seriedade, não escolhemos: a vida nos levou para o jornalismo porque, de fato, somos jornalistas. Não havia glamour na profissão quando chegamos. Eles antes de mim, e nem em sonho compararia a competência e a qualidade deles com os da minha geração. Em geral, escrevíamos bem. Pelo menos não odíavamos a língua portuguesa, pelo contrário. Todos gente que adorava ler, lia tudo que passava pela frente, acreditava que a informação permite a escolha e que ser correto, honesto e justo é nossa escolha de como estar no mundo.
De uma certa forma, o mundo era mais simples: era jornalista quem "nem tinha curso superior", mas levava um certo jeito para coisa, tinha o dom da palavra, o gosto pela notícias e um código de ética com a vida.
Vejo - muito mais do que gostaria - uma montanha de gente, com curso superior, MBA, mestrado, que claramente odeia a língua portuguesa, foge da notícia como o diabo da cruz, nunca passa, por sua cabeça e/ou coração, a mais leve preocupação com o leitor, e o compromisso com a verdade deve se algo que sequer lhes ocorreu. Muitas deles, assim que os vejo trabalhando, tenho uma enorme vontade de dizer: "meu querido, você é novo, escolhe outra profissão", de coração.
O que não entendo é, como diz uma amiga: "Jornalismo é escolha; ser balconista é que é contingência. Então se odeia a língua, acha uma chatice ler, passa semanas sem folhear um jornal e reclama toda a vez que acontece algum fato que obriga horas a mais de trabalho, por que raio escolheu jornalismo?"

sábado, 15 de setembro de 2007

WYSIWYG

Sábado, 23h40, depois de 12 horas sentadas na frente desse computador (sem exagero, juro), litros de café e quilos de cigarros, o belo sábado de sol perdido, na base do pãozinho com queijo, é óbvio que estou num puta mau humor. Tenho que analisar um super hiper over projeto e preencher um excell gigante que tem como nome "termo de conformidade" (adorei essa expressão).
Mas, em compensação, aprendi um monte de inutilidades de web 2.0. Meus queridos, informo, para os desavisados, que nasce um novo léxico, que abandona completamente qualquer pretensão de se manter o português como língua pátria: mashups, workflow, WYSIWYG, snapshots, tags, metatags, API, bookmarks e outros que tais. Confesso que até que ia me virando bem até encontrar essa sigla gigantesca. Mas, estamos na era da wikipédia e fui salva: esse monte de letras maiúsculas é a sigla de "What You See Is What You Get".
Por favor, se uma coisa para se explicar precisa de uma sigla dessas, é óbvio que alguma coisa está muito errada. Talvez seja eu.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Semana estranha

O melhor da semana: a Bárbara está no Brasil.
Pior da semana: a semana inteira tirando que a Bárbara esteve aqui.
Sou pessoa de poucos amigos - não sou fácil e sei que amizade, se a gente tiver sorte, numa vida inteira, conta-se nos dedos de uma mão. E, tive sorte.
No trabalho sou sempre considerada muito difícil - de fato, ao contrário do usual, vou ao trabalho trabalhar. Gosto muito de trabalhar, muito e até demais. Tem uma frase que sempre falei em todos os lugares que entrei já "chefe", que horroriza bem as pessoas: "não vim aqui para fazer amigos e conquistar pessoas, vim para trabalhar". Falo e pratico para espanto geral.
Então hoje conheço o gerente de outro Portal. Sempre gostei do que li dele. O cara escreve bem, tem humor, é ardido e sutil - meu texto preferido. Gostei da figura assim que vi, mas estava predisposta. "Ah! Vc é a Cuca, queria mesmo te conhecer". Essa frase, que já ouvi várias e inúmeras vezes, me dá aquela coisa - sei que vem da minha fama de difícil, brava, destemperada. Sorrio "provavelmente tudo que disseram é verdade", comento. "Temos inimigos em comum", acrescenta. Dou risada - de fato ele é mesmo divertido como eu imaginava. "Isso já é um bom sinal", digo. "O comentário é (cita os "nossos" inimigos em comum) que pior que vc só eu". Nossa que divertido! "Há pessoas que quando falam mal da gente automaticamente depõem a nosso favor. Essas (os "inimigos" em comum) são o caso". Rimos bastante, comentamos nossas "irritações" e o que consideramos do nível do insuportável no trabalho. Somos farinha do mesmo saco. Gostei mesmo do cara e olha que hoje eu estava num mau humor daqueles.
Trabalhar comigo não é fácil. Conseguir gostar de mim depois de trabalhar comigo é menos ainda. Sei disso desde sempre e, a essa altura, até lido com essa "rejeição" de forma razoável.
E como não vim para "fazer amigos...", a Bárbara é dos encontros iluminados que a vida, vez ou outra, oferece. Encontro de almas - as angustias, a estranheza em relação aos "outros" e a recíproca dos outros em relação a gente, a eterna capacidade (e quase culto) à indignação, o senso de justiça, o gosto pelo fazer nos fazem "farinha do mesmo saco". Além de ser uma das pessoas com quem mais gosto de trabalhar (e isso não é pouco), nada melhor do que um almoço de horas (e põe hora nisso) com uma boa amiga. Já sinto saudades.

domingo, 15 de julho de 2007

Adoro Porto Alegre

Gente, eu adoro Porto Alegre. Mas a-d-o-r-o mesmo! Como disse a Lisi, "Porto Alegre para vc é como ir morar na chácara". Genial! É exatamente isso, com um "melhor" - na chácara mais ficaria sozinha e em Porto Alegre tem gente super divertida e são todos "uns queridos", já em gauchês.
Aliás, adoro gauchês. Existe algo melhor do que definir uma pessoa como "meio fora da casinha"? Claro que não. Existe coisa mais gostosa de se dizer o exclamativo mais perfeito que já foi criado - o "bah!"? Adoro "bah"! E, se no começo estranhava muito esse uso do tu no lugar de vc com o verbo na terceira pessoa, agora, pelo menos, me passou aquela vontade instintiva, de jornalistas, de corrigir. Assim, Porto Alegre seria (ou é) a minha segunda cidade da categoria "a cidade que eu queria viver" - a primeira segue sendo Paris.
Mas tem uma coisa de Porto Alegre que é inacreditável: os táxis. Meudeus, o que é isso???
Caso 1:
O sr. pode parar na esquina à esquerda?
A sra quer que eu pare na esquina à esquerda??????
Sim.
Não vou parar aí, vou parar à direita (adendo: trata-se de uma avenida de quatro pistas no final de uma descida. Hello! Por acaso tomaria um táxi para morrer atropelada?)
O sr. pode parar naquela entradinha do parque...
Ah, mais aí vou ficar "trancado" no trânsito (e bufa, aliás bufa o tempo todo)
O sr. faça o favor de parar na entrada do parque (já atingi aquele tom de voz que quem me conhece sabe que é o aviso "a coisa está ficando feia, pode parar").
Parou, mas bufou.
Caso 2:
- Boa noite! Washington Luiz, 820, por favor.
- Ah, mas está tudo trancado!!!!!
(Faz-se silêncio. Não vou comentar, certo? Afinal, vou para Washington Luiz 820 e ponto, lembrando que o serviço não é gratuito)
- Qual o caminho?!?
- Não sou daqui
(Bufa - aliás, gaúchos adoram bufar - às vezes é até engraçado, mas em taxista pega mal)
(ah, já ia me esquecendo.. estamos num Uno 1900 e alguma coisa, caindo aos pedaços, daqueles que quando você vai sentar quase cai de tão afundado que ta o banco, uma sola de sapato)
Está tudo meio "trancado", afinal sou paulistana, e pra mim POA nunca está "trancado". Mas, ok.
Um "corredor" atravessa na frente do carro e diz alguma coisa para o motorista.
Viramos à direita, ele pára em plena curva, sai do carro, vai para o lado direito, olha a lanterna, acomoda com a mão, dá uns dois chutes para fixá-la, suponho eu. Dá meia volta e entra no carro.
- Era a lanterna.
Notei
Caso 3:
Vou na Protásio,XYZ, em frente a blábláblá.
Chegamos lá e estamos na mão errada.
- Esse número é do outro lado da avenida.
Bem se aquela outra avenida já me parece absurdo que alguém ache que eu poderia travessá-la, a Protásio, nesse ponto, é do nível do impensável.
- Vou deixá-la desse lado, me diz o bruto. A sra. atravessa.
- Desculpe, mas não mesmo, sem condição.(obs.: está chovendo!)
- Mas a sra. vai querer que eu dê a volta?
- Sim, com certeza (outra vez tenho que usar aquele tom)
Faz a volta,mas bufa.
Teria mais vários nessa minha curta estadia de 15 dias, que me permitiu experimentar cerca de 40 táxis.
Mas vou contar o último que é o mais absurdo. Estamos em três (seres do sexo feminino)
Passamos o endereço (bufa) .
- Mas está tudo trancado!!!
Mantemos o silêncio.
Ele grunhi alguma coisa sobre o roteiro, ignoramos, e seguimos.
Seguimos não é a palvra exata - o idiota acha que tem um carro de corrida, ou melhor, um blindado turbinado. O conceito de "preferencial" lhe escapou totalmente.
Acho que quase "morremos" umas três vezes - sem contar os sustos, que foram muito mais - num trajeto de uns 10 km, se muito. Não bastasse isso, esse não só bufava com relinchava. Dez minutos de completo mal-estar e medo.
Quando desci do carro fiz questão de fechar a porta. Bati com toda a minha força.
Qual o problema?!? Tá de mau-humor!?! Não ta a fim de dirigir? Fica em casa, vai ser outra coisa, faz terapia, sei lá, mas não seja taxista, porra!
Mas teve uns quatro - sei que é um percentual baixo - uns super gaúchos daqueles quase ou literalmente vestido à caráter, que foram muito geniais, simpáticos, educados e divertidos.
Adoro Porto Alegre!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Inveja

Tenho inveja de muitas coisas nas outras pessoas. Bem claro: "nas" e não "das". São quilômetros que diferenciam uma coisa da outra.
Inveja é um sentimento, que pode ser muito saudável e é bastante normal em nós "pobres mortais", de querer ter aquilo que o outro tem. Coisa ou qualidade. Essa é a diferença.
A qualidade que mais invejo é a capacidade de "não deixar para amanhã". Dava 10 anos de vida para ser assim. Dez anos que teria economizado em angústia, ansiedade e preocupação por "estar por fazer".
A tomada está por consertar; o IR a ser entendido que raio é aquilo; o inventário de meu pai (que morreu há 5 anos) para ser passado para o advogado; o abajur para a cabeceira por ser comprado; aquele telefonema que de tanto que foi adiado já nem sei como dar; aquele email que, por precisar de uma resposta menos "net", ficou pendurado e agora é melhor deixar pra lá mesmo; o carro que precisa ser trocado e "com certeza" tenho que fazer isso, mas não faço; aquele botão que demoraria 5 minutos para ser pregado; aquele anel que em 10 minutos e uma gota de super bonder estaria resolvido; aquele trabalho que o prazo era ontem, mas se empurrar até amanhã ainda dá; o presente de meu querido amigo que fez aniversário em março. A lista é interminável, e a ela, cotidianamente, somo novos itens.
Conheço pessoas - duas especialmente bem dotadas nesse sentido - que conseguem tempo, disposição e determinação e não há em suas vidas nem sequer aquele sapato que precisa trocar o salto. Invejo com admiração - uma inveja serena de quem sabe que não lhe foi dado o dom.
Não consigo mesmo! - só queria me entender.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Unidos pelo desejo de vingança

Tenho uma teoria sobre alguns casais. Aqueles que se chamam por apelidos (em público), que falam barbaridades com um "benzinho", "mô", "gatinho" etc. no final da frase - o tom é meigo o quanto é possível contendo toda aquela raiva. Já quase odeiam-se, mas permanecem juntos. De alguma forma acreditam que "aquilo" é o melhor ou, pelo menos, o suficiente. Eles me apavoram, confesso.
Fazem coisas como:
1. Desmentem-se em público
Lembra-se aquela vez que fomos a Paraty e o Pedro (filho do casal) levou a namorada pra casa e criou aquela confusão enorme com os pais dela?
E ele implacável:
Não foi bem assim, amor, também não foi confusão, a gente nem tem certeza blábláblá.
2. Brigam na frente de todos
Eu não te disse que isso não daria certo?
Sim!, mas vc sempre diz isso e nem sempre acontece.
Agora vc vem com essa.
Com essa qual?
E, ai, vc que está lá desavisado, fingindo de paisagem, preferindo estar no pólo norte de camiseta regata, é chamado a árbrito.
Vc não acha, fulana, que blábláblá..
(meudeus, eu não acho nada! porfavor, não me peçam para achar)
Bom - começa o desavisado, nem tanto ao céu, nem tanto à terra...
(aindabem, nem precisa terminar, o casal retoma a briga sem nem ouvir o final da tentativa patética e inútil do intruso acalmar os ânimos)
3. Nunca se lembram
Lembra quando fomos àquele restaurante na praia?
Foi comigo?
Sim que comemos aquela lagosta maravilhosa, em Natal..
Não, não me lembro..
Mas vc mesmo tinha dito que aquela noite seria inesquecível..
Imagine! eu disse? não pode ser!
4. Se humilham mutuamente
Certo, mas se pelo menos vc parasse num emprego?
Como? Eu? Estou nesse emprego há dois anos!
hahahahah... dois anos imagine... eu estou há 10
sim, mas também para ganhar essa merreca....
5. Qualquer motivo é motivo
vc sabe o caminho?
lógico que sei!
não seria aqui à direita?
não! já disse que sei o caminho!
ok! ok! é que sempre...
porra já disse que sei, que droga, vc sempre me enche com a mesma coisa
sim, e já estamos perdidos
tamos porque vc não cala a boca e não pára de me perturbar
não, tamos porque vc é um metido e nunca me ouve.
Seguem juntos pela vida unidos pelo ressentimento, pelo desejo de vingança - vc acabou com a minha vida e agora acabo com a sua (vice-versa). Existem aos montes. Podem ser encontrados aos finais de semana nos supermercado, nos aeroportos esperando outro casal amigo, nos restaurantes em dias comemorativos, no carro do lado. São visíveis a olho nu e identificáveis à distância. Está estampada nas suas caras a infelicidade da vida escolhida. Mas não se separam, por causa dos filhos, da grana, da casa, da família, dos anos, das culpas, das dívidas, de nada. Não se separam porque amam se odiar.
Apavorante. E nem quero entender.

domingo, 17 de junho de 2007

Por um simples tabefe

Paulo Ricardo é um garoto gorducho, de mais ou menos 4 anos, que mora no 4º andar do prédio que dá fundos para o meu. É uma criança com nome composto. Nunca o chamam de Paulo ou Ricardo e muito menos apelidos como Ric ou sei lá. É uma criança de 4 anos com nome composto e mais, diria que é um nome "enfático", uma vez que nunca escuto menos que um PAUlo RiCARdo. Para dizer a verdade, ele é muito chato. Normalmente não me permitiria um comentário como este sobre uma criança, mas é inevitável: a mãe, o pai, os vizinhos, os amigos dos pais, e até os avós, concordam comigo, tenho certeza.
Mas, não satisfeitos com o inferno que Paulo Ricardo tem tornado as nossas manhãs escaldantes, com seus gritos, chamados, birras, (acho que se pedíssemos ao serviço de poluição sonora para medir os decibéis de sua voz, certamente ele seria multado e impedido de funcionamento até a reforma do estabelecimento), os pais do rapazinho presentearam Paulo Ricardo com um triciclo que, ao ser pedalado, toca uma sirene. Sempre. Basta que Paulo Ricardo apoie seus gordos pezinhos nos pedais e lá vamos nós - a sirene soa implacável.Que presente mais adequado para uma criança indócil como Paulo Ricardo!
Na semana anterior, deram-lhe uma baleia inflável gigante para brincar na piscina. Mãe, mãe, MANHEEÊ, olha, Olha Olha, ÓÓÓLHA o que eu sei fazer. E todos nós olhávamos, todos, menos a mãe. Ela já não agüenta mais ouvir, olhar, atender Paulo Ricardo. Eles estão incomunicáveis. Ela não o escuta e nem ele a ela.
Outro dia pudemos confirmar minha teoria. Por mais que enfaticamente pedisse para Paulo Ricardo sair da piscina, ele não atendia, ao contrário, a incomunicabilidade atingiu um ponto que, quanto mais ela argumentava que ele deveria atende-la, mais Paulo Ricardo insistia em saltar de uma piscina a outra, passando como um bólido diante dos olhos e braços insuficientes de sua mãe. Achei que dessa vez a humilhação era pública (ela podia imaginar que quando a cena se dava dentro do apartamento, nós, os vizinhos, não víamos ou escutávamos - podia, perfeitamente, ainda que fosse impensável, achar que aquela gritaria estava entre quatro paredes).
Devo confessar que tive uma leve esperança que finalmente Paulo Ricardo levaria um belo tapa e encerraríamos essa fase de sua educação. Mas, essa mãe treinada pela modernidade, pelo construtivismo, por toda essa psicologia não executou a tarefa – Paulo Ricardo não levou nem um tapinha, nem um apertão, e o mundo terá que suportá-lo até o fim de seus dias.
Custava ela ter lhe dado um belo tabefe?

domingo, 27 de maio de 2007

Turista japonês

Por um monte de motivos que não vêm ao caso não vou a shows há muito tempo. Ontem resolvi quebrar esse jejum de anos. Era a própria marciana na história!
Desatualizada que estava, antes de entrar, lembrei-me que devia desligar o celular. Certo que é um show de rock, mas mesmo assim. Sou da época que antes de começar o show, os alto-falantes pediam "por favor, desliguem seus celulares durante o espetáculo. Não é permitido o uso de máquinas fotográficas".
Nossa gente, que mudança mais chocante.
Mal começou o show, luzes apagadas, e vejo um monte de telinhas luminosas piscando na pista. Sim, o advento do celular com câmara. Pior que um enxame de vagalumes.
Sempre que viajo fico olhando os turistas japoneses que filmam tudo e não olham nada. Sempre fiquei pensando que eles só fazem a viagem mesmo quando chegam em casa e enchem todos os amigos e familiares com seus fantásticos vídeos da viagem e mais trocentas fotos.
Entre eles e o mundo há sempre uma câmara. Genial! Que idéia mais estapafúrdia do que é viajar. A vida é registrada e não vivida.
Como turistas japoneses, entre as pessoas e o show, um celular luminoso, captando aquilo que vai virar um daqueles vídeos toscos no youtube e/ou incomodar todos os colegas de trabalho, na segunda, com as fotos de um show que nem foi assistido!
Gastaram R$ 80 para registrarem que estavam lá ou para estarem lá?
Um mundo que mais importante que se divertir e provar que se divertiu.
Acho que não vou entender mesmo


sábado, 19 de maio de 2007

O que passa pela caixola?

Há alguns assuntos que se for para tentar entender dá pano pra manga. Os meus preferidos são: elevadores, filas e, o melhor de todos, homens. Não acho os homens difíceis de entender. Eles são bem óbvios, no geral. Bacana é tentar entender o que passa pela caixola quando fazem coisas como:
Encontro marcado, banho tomado, modelito que demandou uma verdadeira revolução - era sexta. O namoro já andava há um tempo, mas ele tinha dito que faria uma "coisa especial", então... não custa dar uma caprichadinha. Maravilha!
Às 20h, estava prontíssima para “o que desse e viesse” - era o que pensava. Às 20h30, pensei que tinha confundido o horário marcado, mas que era oito e alguma coisa era, tinha certeza que não era nove e alguma coisa. ok! ok! Às 21h, comecei a me preocupar.
(pontualidade é uma coisa básica e depois, como dizia um amigo meu, é uma coisa muita simples - basta olhar um relógio, a linguagem é universal e, além disso, para que existe telefone?!?)
Às 21h15, resolvi rever todas as ligações atendidas, não-atendidas, mensagens, enfim... nada que justificasse. Às 21h40, liguei para o bofe – alguma coisa muito grave devia ter acontecido.

oi, tudo bem?
do outro lado, ele:
tudo e vc?
(como?!?!?!)
vc não havia combinado comigo de passar aqui às 20h?
resposta:
putz! é mesmo! me enrolei no trabalho e acabei vindo pra casa.... vou tomar um banho e passo aí..
(como!?!?! passa aqui?!?! ta fazendo favor!?! e quem disse que eu quero!?! to fina) e digo:
olha, vamos deixar pra outro dia... a gente se fala...
ele interrompe:
péra, péra, vc não ta chateada, né?
(não..... imagine..... por que eu estaria? aconteceu alguma coisa chata? e já não tão fina, respondo
olha, não topo essa coisa de agendar e não bancar. Não to a fim de discutir, é sexta, estou pronta e vou sair JÁ! como vc está atrasado uma hora e meia, não se dignou a me telefonar, e vai tomar um banho, então, vamos deixar para outro dia MESMO.
(agora me explica - por que não desliguei o telefone? era óbvio que só ia piorar)
ele diz:
puxa.... eu não queria te chatear, to indo pra aí.
não venha MESMO, eu me conheço, e to saindo.. a gente se fala...

Lógico que eu devia ter saído, mas tava tão irada que toquei o som no máximo (nem tanto porque não sou de incomodar os outros), preparei um dry-martini e (deusexiste) estava no meio de um policial bacana. Mas estava irada - sabe aquela coisa de ficar remoendo, repetindo o diálogo, não acreditando e, tudo outra vez e outra vez.
Passada meia hora, a coisa já estava melhorando - o efeito do álcool é salvador!
Mas não passou 3 minutos do reconhecimento desse estado de leve conforto e toca a campainha.

Não pode ser, mas que língua eu falei?
Era o dito! Mas não era só ele. Como se o fato de estar lá já não fosse suficientemente absurdo, empunhava, com aquele olhar de cachorro lambido, uma dúzia de rosas.
O sangue subiu...
Ai, não quero que a gente (agora é "a gente"! que foi que eu fiz?) fique mal - e coloca sua "solução do problema" em formato de "rosas vermelhas" no meu focinho.
Como!?!?!
Por acaso tenho cara de foca que se consola com uma bola cheia de estrelinhas?
E ficou pasmo quando mandei sair e levar "sua bola cheia de estrelinhas". Achava que tinha feito "o máximo" pra uma "pisadinha à toa".
ok! então arruma uma foquinha adestrada, né?

domingo, 13 de maio de 2007

Distância segura


Qual a diferença, numa fila, se vc ficar 30 cm distante da pessoa da frente ou 3? a única diferença é que se ficar 30, pelo menos, não "invade a áurea", como diz uma amiga minha.
Confesso que sou avessa ao contato físico desnecessário. Não gosto que me peguem, odeio que me cutuquem e me tocar pelas costa pode ser um enorme problema - torno-me involuntariamente violenta. Nem acho bacana, mas sou assim.
Mas, é incrível a capacidade que o ser humano tem de "se aproximar".
Então, estou no balcão do bar. Sou miudinha, já aviso. Chega o tipo e senta-se ao meu lado. Não, ao meu lado não, praticamente no meu colo. Por favor!
Como tb não sou muito alta, desço de minha cadeira, empurro ela numa distância segura. O tipo me olha. Planto aquele sorriso social no rosto. Ele retribui gentilmente e... pasmem! se acomoda empurra o seu banco na área da "distâncias segura".
E depois sou eu que sou mal-humorada.

obs importante: o tipo é gay

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Alguém me explica

Quem me conhece sabe, detesto explicações para o que não há explicação. Aliás, não entendo essa mania das pessoas - sempre se desculpam. Não entendo porque sou exatamente o contrário: nunca me desculpo, o que não deixa de ser um exagero, mas, pelo menos, causa menos dano. Enfim, vou a uma reunião, são 6 instruções precisas sobre o assunto que todos devem assimilar e executar. Não 60, seis instruções com todos as minúcias e ênfase necessárias par a compreensão do público. Ainda assim, como sempre, pergunto se há dúvidas, se algo não ficou claro, se alguém tem alguma sugestão para que a coisa funcione melhor - sou chata, eu sei.
Pouco mais de 24 horas depois, não é que me deparo com exatamente aquilo que eu havia dito que não podia acontecer. Parece lei de murphy, mas como não acredito nessas baboseiras, então... deverá haver um responsável. E há!
Digo:
A instrução que passei está sendo desrespeitada (na verdade, mostro o erro, mas não vem ao caso aqui porque eu teria que explicar um monte de coisas do meu trabalho que não to a fim)
Resposta:
Corrigindo
Pergunta:
vc não havia entendido a instrução?
Resposta:
eu "peguei" no "turno" agora.
Pergunta:
Há quanto tempo? (sei que o agora dela não é agora - afinal não seria tão imbecil a ponto de não saber os turnos do departamento que sou gerente!)
Resposta:
30 minutos
(mentira: pelo menos 45, eu sei)
Respondo:
Honestamente queria entender como vcs acham que vão se tornar profissionais melhores se sempre têm uma justificativa para o erro, a desatenção, o desleixo etc.
Resposta:
Certo

Sigo querendo entender.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Fumante, por favor

certo! fumar faz mal à saúde, causa câncer, enfisema, faz a gente perder os dentes e até as pernas (tá lá no maço de cigarro, não sou eu quem tá inventando) etc. etc. e etc. Faz mal a saúde de quem? minha? ok! ok! estou disposta a pagar - e digo isso em todos os sentidos - física e financeiramente (tenho plano médico - não uso o serviço público para o qual, aliás, contribuo regiamente, ou seja, sequer vou dar despesa para o Estado blábláblá). Sou uma fumante convicta (adoro fumar!!!!) e bem educada, ou seja, não fumo em elevadores, locais proibidos (note-se que trabalho em uma "torre" no smoking), casa de não-fumantes (bom, eu nem vou porque não me divirto e essa vida já é pra lá de chata pra eu pagar um mico desses) e outros "n" lugares que têm a placa.
Assim - fumante inveterada que sou - SEMPRE, quando entro em um restaurante peço pela área de fumantes - normalmente espero uma infinidade de tempo por uma mesa porque fumantes ficam mais à mesa: fumam um cigarrinho, pedem o segundo, o terceiro e até o quarto cafezinho, e a cada um outro cigarrinho, mas eu topo - sou igualzinha.
Fim de semana para mim é dia santo - não precisa pressa, foi feito pra almoçar com os amigos, ficar de papo furado, rir da mesa do lado (podem rir de mim tb, não me incomodo - tamos aí pra isso, divertir o próximo).
Então saio eu no meu sábado sagrado e depois de muito "vamos lá-vamos cá", iup! lembramos de um restaurante muito do simpático com um jardim - sempre preferimos esses que têm lugar fora que aí não tem encrenca para fumante (ou não deveria), afinal estamos ao ar livre, a fumaça (a do cigarro) se dispersa e, digamos que são paulo não é lá aquela maravilha em ar puro então...Perfeito!
- Mesa para 4, FUMANTE, faço questão de acentuar.
- Tem uma espera de meia hora.

Olhamos meio desanimados - já são 14h30, mas descobrimos que podemos ficar no bar com as porçõezinhas, um álcool básico para começar o dia, enfim, Maravilha!
Tivemos sorte (ou não!). Nem passou meia hora e uma mesa com guarda-sol e tudo, num canto do jardim, daquelas que cabe 4 mesmo (odeio que enfiem 4 em mesa de 2!!!) e lá fomos nós com nossos maravilhosos cigarrinhos em punho.
Deu 10 minutos e a mesa ao lado vagou. Vejo marchando em nossa direção - para dizer a verdade em direção a tal mesa - uma daquelas trupes que odeio - pai, mãe, bebê e babá (meudeus um dia alguém me explica por que as pessoas têm filho se não gostam de ficar com eles nem um minutinho sem a porra da babá) munidos de trocentos apetrechos e um megacarrinho - papai tem um megacarrão e baby um megacarrinho, que é para que a gente nem duvide do poder finanaceiro da "família". Se bem que já vinham carregando a "escrava" - o maior dos sinais para que não se tenha dúvida que a família "está podendo".
Minha amiga, fumante tb, me olha com cara de pânico - ela é uma fumante culpada, prefere não fumar a ser advertida pelo fato. Deixa comigo - adoro uma encrenca dessas.
Chamo a garçonete (atriz, modelo e garçonete nas horas vagas) e informo que vou fumar, que pedi área de fumante e vou fumar e não quero incômodo. O bebê não é meu e eu nunca levei o meu para restaurantes. Odeio crianças em restaurantes - para isso existem as pizzarias e os rodízios, que eu fujo como o diabo da cruz, desde que esses espaços foram tomados pela "família" - mãe, pai, prole, avós, priminhos e quem mais couber.
Enfim, estamos tranquilos - todos devidamente avisados etc. etc. etc. - comemos, bebemos e, enfim, acendo meu merecido cigarrinho.
Vejo um certo movimento na mesa ao lado - eles ainda estão comendo. E não é que a mãe dedicada se vira, me cutuca (meudeus, odeio que me encostem - posso ser muito perigosa com essa coisa de me tocarem) e "vc se incomodaria de não fumar porque se vc não notou estamos com um bebê". Como não teria notado, ô sua debilóide, sou cega por acaso? Respondo: "sim, me incomodaria, pedi área de fumante, essa é uma área de fumante e até avisei a garçonete quando vi que vcs vinham nessa direção. Desculpe" - nossa! como fui educada. E não é que o maridão - que nem digo que passou o almoço dando olhadinhas para nosso amigo gay (típico! já estamos acostumados) vira-se e diz "nossa, que falta de civilidade e fumar faz mal". ohdeustodopoderoso dai-me forças para não perguntar por que ele não vai dar meia hora de cu e pára de se meter com os outros. Respondo: "Desculpe (nossa como estou educada!), mas como disse para sua 'esposa' (que o bruto tem esposa e não mulher, é óbvio) essa área é para fumantes e, por favor, faça suas reclamações aos garçons ou gerente" e acendo meu cigarro.
Não é que o idiota manda a babá ficar abanando a fumaça...

ok, sr. civilizado, é para isso que servem os "escravos", né?

domingo, 29 de abril de 2007

Por que as espinhas são tão inoportunas?


Todo mundo sabe, né? Basta ter um "primeiro encontro", uma festa, uma reunião importante e já no meio da noite vc sente aquela coceirinha no queixo, na ponta do nariz, no canto da boca ou no meio da testa - ainda bem que não é herpes, que é outro dos infernos - e quando acordo está ela lá, firme e forte, vermelhona, inchada, profunda, inatingível. E nem adianta, nem massa corrida cobriria aquele monstro. ok. mesmo assim, não me rendo - vou lutar contra a intrusa até meus últimos recursos.
Primeiro uma boa olhada na situação... vale espremer? lógico que não! mas tenho que tentar - não é possível que ela resita à minha ira! Mas, não só ela resite como começa a crescer, a cada investida - unhas, agulhas, pomadas milagrosas - ela, a maldita, a intrusa, toma força e vai crescendo, cada vez mais vermelha, cada vez mais protuberante...
ok, ok... vamos ao disfarce: corretor, base e pó em punho e começamos. Primeiro um remedinho básico (só para achar que to fazendo alguma coisa de útil), uma pomadinha que promete secar em 1 dia (mentira!!!!!!!), depois o corretivo - e agora já está doendo pra caramba - depois uma gota de base e tapinhas muito cuidadosos para grudar o produto - tempo para secagem - finalmente um pó. Olho bem no espelho e finjo que disfarçou. Já nem quero sair de casa.. ai, que tristeza.
Passo o dia tentando não encostar no "disfarce", mas já estou sentindo a intrusa não pretende dar folga, ao contrário, a cada instante lateja, esquneta, arde e, pior, cresce.
Não podia ter sido na semana passada? Lógico que não! Era hoje que eu devia estar linda, leve e solta... E depois querem saber por que estou de mau humor. Por favor!!!!!

teste

teste