domingo, 27 de maio de 2007

Turista japonês

Por um monte de motivos que não vêm ao caso não vou a shows há muito tempo. Ontem resolvi quebrar esse jejum de anos. Era a própria marciana na história!
Desatualizada que estava, antes de entrar, lembrei-me que devia desligar o celular. Certo que é um show de rock, mas mesmo assim. Sou da época que antes de começar o show, os alto-falantes pediam "por favor, desliguem seus celulares durante o espetáculo. Não é permitido o uso de máquinas fotográficas".
Nossa gente, que mudança mais chocante.
Mal começou o show, luzes apagadas, e vejo um monte de telinhas luminosas piscando na pista. Sim, o advento do celular com câmara. Pior que um enxame de vagalumes.
Sempre que viajo fico olhando os turistas japoneses que filmam tudo e não olham nada. Sempre fiquei pensando que eles só fazem a viagem mesmo quando chegam em casa e enchem todos os amigos e familiares com seus fantásticos vídeos da viagem e mais trocentas fotos.
Entre eles e o mundo há sempre uma câmara. Genial! Que idéia mais estapafúrdia do que é viajar. A vida é registrada e não vivida.
Como turistas japoneses, entre as pessoas e o show, um celular luminoso, captando aquilo que vai virar um daqueles vídeos toscos no youtube e/ou incomodar todos os colegas de trabalho, na segunda, com as fotos de um show que nem foi assistido!
Gastaram R$ 80 para registrarem que estavam lá ou para estarem lá?
Um mundo que mais importante que se divertir e provar que se divertiu.
Acho que não vou entender mesmo


sábado, 19 de maio de 2007

O que passa pela caixola?

Há alguns assuntos que se for para tentar entender dá pano pra manga. Os meus preferidos são: elevadores, filas e, o melhor de todos, homens. Não acho os homens difíceis de entender. Eles são bem óbvios, no geral. Bacana é tentar entender o que passa pela caixola quando fazem coisas como:
Encontro marcado, banho tomado, modelito que demandou uma verdadeira revolução - era sexta. O namoro já andava há um tempo, mas ele tinha dito que faria uma "coisa especial", então... não custa dar uma caprichadinha. Maravilha!
Às 20h, estava prontíssima para “o que desse e viesse” - era o que pensava. Às 20h30, pensei que tinha confundido o horário marcado, mas que era oito e alguma coisa era, tinha certeza que não era nove e alguma coisa. ok! ok! Às 21h, comecei a me preocupar.
(pontualidade é uma coisa básica e depois, como dizia um amigo meu, é uma coisa muita simples - basta olhar um relógio, a linguagem é universal e, além disso, para que existe telefone?!?)
Às 21h15, resolvi rever todas as ligações atendidas, não-atendidas, mensagens, enfim... nada que justificasse. Às 21h40, liguei para o bofe – alguma coisa muito grave devia ter acontecido.

oi, tudo bem?
do outro lado, ele:
tudo e vc?
(como?!?!?!)
vc não havia combinado comigo de passar aqui às 20h?
resposta:
putz! é mesmo! me enrolei no trabalho e acabei vindo pra casa.... vou tomar um banho e passo aí..
(como!?!?! passa aqui?!?! ta fazendo favor!?! e quem disse que eu quero!?! to fina) e digo:
olha, vamos deixar pra outro dia... a gente se fala...
ele interrompe:
péra, péra, vc não ta chateada, né?
(não..... imagine..... por que eu estaria? aconteceu alguma coisa chata? e já não tão fina, respondo
olha, não topo essa coisa de agendar e não bancar. Não to a fim de discutir, é sexta, estou pronta e vou sair JÁ! como vc está atrasado uma hora e meia, não se dignou a me telefonar, e vai tomar um banho, então, vamos deixar para outro dia MESMO.
(agora me explica - por que não desliguei o telefone? era óbvio que só ia piorar)
ele diz:
puxa.... eu não queria te chatear, to indo pra aí.
não venha MESMO, eu me conheço, e to saindo.. a gente se fala...

Lógico que eu devia ter saído, mas tava tão irada que toquei o som no máximo (nem tanto porque não sou de incomodar os outros), preparei um dry-martini e (deusexiste) estava no meio de um policial bacana. Mas estava irada - sabe aquela coisa de ficar remoendo, repetindo o diálogo, não acreditando e, tudo outra vez e outra vez.
Passada meia hora, a coisa já estava melhorando - o efeito do álcool é salvador!
Mas não passou 3 minutos do reconhecimento desse estado de leve conforto e toca a campainha.

Não pode ser, mas que língua eu falei?
Era o dito! Mas não era só ele. Como se o fato de estar lá já não fosse suficientemente absurdo, empunhava, com aquele olhar de cachorro lambido, uma dúzia de rosas.
O sangue subiu...
Ai, não quero que a gente (agora é "a gente"! que foi que eu fiz?) fique mal - e coloca sua "solução do problema" em formato de "rosas vermelhas" no meu focinho.
Como!?!?!
Por acaso tenho cara de foca que se consola com uma bola cheia de estrelinhas?
E ficou pasmo quando mandei sair e levar "sua bola cheia de estrelinhas". Achava que tinha feito "o máximo" pra uma "pisadinha à toa".
ok! então arruma uma foquinha adestrada, né?

domingo, 13 de maio de 2007

Distância segura


Qual a diferença, numa fila, se vc ficar 30 cm distante da pessoa da frente ou 3? a única diferença é que se ficar 30, pelo menos, não "invade a áurea", como diz uma amiga minha.
Confesso que sou avessa ao contato físico desnecessário. Não gosto que me peguem, odeio que me cutuquem e me tocar pelas costa pode ser um enorme problema - torno-me involuntariamente violenta. Nem acho bacana, mas sou assim.
Mas, é incrível a capacidade que o ser humano tem de "se aproximar".
Então, estou no balcão do bar. Sou miudinha, já aviso. Chega o tipo e senta-se ao meu lado. Não, ao meu lado não, praticamente no meu colo. Por favor!
Como tb não sou muito alta, desço de minha cadeira, empurro ela numa distância segura. O tipo me olha. Planto aquele sorriso social no rosto. Ele retribui gentilmente e... pasmem! se acomoda empurra o seu banco na área da "distâncias segura".
E depois sou eu que sou mal-humorada.

obs importante: o tipo é gay

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Alguém me explica

Quem me conhece sabe, detesto explicações para o que não há explicação. Aliás, não entendo essa mania das pessoas - sempre se desculpam. Não entendo porque sou exatamente o contrário: nunca me desculpo, o que não deixa de ser um exagero, mas, pelo menos, causa menos dano. Enfim, vou a uma reunião, são 6 instruções precisas sobre o assunto que todos devem assimilar e executar. Não 60, seis instruções com todos as minúcias e ênfase necessárias par a compreensão do público. Ainda assim, como sempre, pergunto se há dúvidas, se algo não ficou claro, se alguém tem alguma sugestão para que a coisa funcione melhor - sou chata, eu sei.
Pouco mais de 24 horas depois, não é que me deparo com exatamente aquilo que eu havia dito que não podia acontecer. Parece lei de murphy, mas como não acredito nessas baboseiras, então... deverá haver um responsável. E há!
Digo:
A instrução que passei está sendo desrespeitada (na verdade, mostro o erro, mas não vem ao caso aqui porque eu teria que explicar um monte de coisas do meu trabalho que não to a fim)
Resposta:
Corrigindo
Pergunta:
vc não havia entendido a instrução?
Resposta:
eu "peguei" no "turno" agora.
Pergunta:
Há quanto tempo? (sei que o agora dela não é agora - afinal não seria tão imbecil a ponto de não saber os turnos do departamento que sou gerente!)
Resposta:
30 minutos
(mentira: pelo menos 45, eu sei)
Respondo:
Honestamente queria entender como vcs acham que vão se tornar profissionais melhores se sempre têm uma justificativa para o erro, a desatenção, o desleixo etc.
Resposta:
Certo

Sigo querendo entender.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Fumante, por favor

certo! fumar faz mal à saúde, causa câncer, enfisema, faz a gente perder os dentes e até as pernas (tá lá no maço de cigarro, não sou eu quem tá inventando) etc. etc. e etc. Faz mal a saúde de quem? minha? ok! ok! estou disposta a pagar - e digo isso em todos os sentidos - física e financeiramente (tenho plano médico - não uso o serviço público para o qual, aliás, contribuo regiamente, ou seja, sequer vou dar despesa para o Estado blábláblá). Sou uma fumante convicta (adoro fumar!!!!) e bem educada, ou seja, não fumo em elevadores, locais proibidos (note-se que trabalho em uma "torre" no smoking), casa de não-fumantes (bom, eu nem vou porque não me divirto e essa vida já é pra lá de chata pra eu pagar um mico desses) e outros "n" lugares que têm a placa.
Assim - fumante inveterada que sou - SEMPRE, quando entro em um restaurante peço pela área de fumantes - normalmente espero uma infinidade de tempo por uma mesa porque fumantes ficam mais à mesa: fumam um cigarrinho, pedem o segundo, o terceiro e até o quarto cafezinho, e a cada um outro cigarrinho, mas eu topo - sou igualzinha.
Fim de semana para mim é dia santo - não precisa pressa, foi feito pra almoçar com os amigos, ficar de papo furado, rir da mesa do lado (podem rir de mim tb, não me incomodo - tamos aí pra isso, divertir o próximo).
Então saio eu no meu sábado sagrado e depois de muito "vamos lá-vamos cá", iup! lembramos de um restaurante muito do simpático com um jardim - sempre preferimos esses que têm lugar fora que aí não tem encrenca para fumante (ou não deveria), afinal estamos ao ar livre, a fumaça (a do cigarro) se dispersa e, digamos que são paulo não é lá aquela maravilha em ar puro então...Perfeito!
- Mesa para 4, FUMANTE, faço questão de acentuar.
- Tem uma espera de meia hora.

Olhamos meio desanimados - já são 14h30, mas descobrimos que podemos ficar no bar com as porçõezinhas, um álcool básico para começar o dia, enfim, Maravilha!
Tivemos sorte (ou não!). Nem passou meia hora e uma mesa com guarda-sol e tudo, num canto do jardim, daquelas que cabe 4 mesmo (odeio que enfiem 4 em mesa de 2!!!) e lá fomos nós com nossos maravilhosos cigarrinhos em punho.
Deu 10 minutos e a mesa ao lado vagou. Vejo marchando em nossa direção - para dizer a verdade em direção a tal mesa - uma daquelas trupes que odeio - pai, mãe, bebê e babá (meudeus um dia alguém me explica por que as pessoas têm filho se não gostam de ficar com eles nem um minutinho sem a porra da babá) munidos de trocentos apetrechos e um megacarrinho - papai tem um megacarrão e baby um megacarrinho, que é para que a gente nem duvide do poder finanaceiro da "família". Se bem que já vinham carregando a "escrava" - o maior dos sinais para que não se tenha dúvida que a família "está podendo".
Minha amiga, fumante tb, me olha com cara de pânico - ela é uma fumante culpada, prefere não fumar a ser advertida pelo fato. Deixa comigo - adoro uma encrenca dessas.
Chamo a garçonete (atriz, modelo e garçonete nas horas vagas) e informo que vou fumar, que pedi área de fumante e vou fumar e não quero incômodo. O bebê não é meu e eu nunca levei o meu para restaurantes. Odeio crianças em restaurantes - para isso existem as pizzarias e os rodízios, que eu fujo como o diabo da cruz, desde que esses espaços foram tomados pela "família" - mãe, pai, prole, avós, priminhos e quem mais couber.
Enfim, estamos tranquilos - todos devidamente avisados etc. etc. etc. - comemos, bebemos e, enfim, acendo meu merecido cigarrinho.
Vejo um certo movimento na mesa ao lado - eles ainda estão comendo. E não é que a mãe dedicada se vira, me cutuca (meudeus, odeio que me encostem - posso ser muito perigosa com essa coisa de me tocarem) e "vc se incomodaria de não fumar porque se vc não notou estamos com um bebê". Como não teria notado, ô sua debilóide, sou cega por acaso? Respondo: "sim, me incomodaria, pedi área de fumante, essa é uma área de fumante e até avisei a garçonete quando vi que vcs vinham nessa direção. Desculpe" - nossa! como fui educada. E não é que o maridão - que nem digo que passou o almoço dando olhadinhas para nosso amigo gay (típico! já estamos acostumados) vira-se e diz "nossa, que falta de civilidade e fumar faz mal". ohdeustodopoderoso dai-me forças para não perguntar por que ele não vai dar meia hora de cu e pára de se meter com os outros. Respondo: "Desculpe (nossa como estou educada!), mas como disse para sua 'esposa' (que o bruto tem esposa e não mulher, é óbvio) essa área é para fumantes e, por favor, faça suas reclamações aos garçons ou gerente" e acendo meu cigarro.
Não é que o idiota manda a babá ficar abanando a fumaça...

ok, sr. civilizado, é para isso que servem os "escravos", né?