domingo, 17 de junho de 2007

Por um simples tabefe

Paulo Ricardo é um garoto gorducho, de mais ou menos 4 anos, que mora no 4º andar do prédio que dá fundos para o meu. É uma criança com nome composto. Nunca o chamam de Paulo ou Ricardo e muito menos apelidos como Ric ou sei lá. É uma criança de 4 anos com nome composto e mais, diria que é um nome "enfático", uma vez que nunca escuto menos que um PAUlo RiCARdo. Para dizer a verdade, ele é muito chato. Normalmente não me permitiria um comentário como este sobre uma criança, mas é inevitável: a mãe, o pai, os vizinhos, os amigos dos pais, e até os avós, concordam comigo, tenho certeza.
Mas, não satisfeitos com o inferno que Paulo Ricardo tem tornado as nossas manhãs escaldantes, com seus gritos, chamados, birras, (acho que se pedíssemos ao serviço de poluição sonora para medir os decibéis de sua voz, certamente ele seria multado e impedido de funcionamento até a reforma do estabelecimento), os pais do rapazinho presentearam Paulo Ricardo com um triciclo que, ao ser pedalado, toca uma sirene. Sempre. Basta que Paulo Ricardo apoie seus gordos pezinhos nos pedais e lá vamos nós - a sirene soa implacável.Que presente mais adequado para uma criança indócil como Paulo Ricardo!
Na semana anterior, deram-lhe uma baleia inflável gigante para brincar na piscina. Mãe, mãe, MANHEEÊ, olha, Olha Olha, ÓÓÓLHA o que eu sei fazer. E todos nós olhávamos, todos, menos a mãe. Ela já não agüenta mais ouvir, olhar, atender Paulo Ricardo. Eles estão incomunicáveis. Ela não o escuta e nem ele a ela.
Outro dia pudemos confirmar minha teoria. Por mais que enfaticamente pedisse para Paulo Ricardo sair da piscina, ele não atendia, ao contrário, a incomunicabilidade atingiu um ponto que, quanto mais ela argumentava que ele deveria atende-la, mais Paulo Ricardo insistia em saltar de uma piscina a outra, passando como um bólido diante dos olhos e braços insuficientes de sua mãe. Achei que dessa vez a humilhação era pública (ela podia imaginar que quando a cena se dava dentro do apartamento, nós, os vizinhos, não víamos ou escutávamos - podia, perfeitamente, ainda que fosse impensável, achar que aquela gritaria estava entre quatro paredes).
Devo confessar que tive uma leve esperança que finalmente Paulo Ricardo levaria um belo tapa e encerraríamos essa fase de sua educação. Mas, essa mãe treinada pela modernidade, pelo construtivismo, por toda essa psicologia não executou a tarefa – Paulo Ricardo não levou nem um tapinha, nem um apertão, e o mundo terá que suportá-lo até o fim de seus dias.
Custava ela ter lhe dado um belo tabefe?

2 comentários:

Anônimo disse...

Hahahahahah, muito bom!!!

Vc devia escrever mais vezes!!

bjs
ALE

Larissa disse...

Bolachoterapia, diria o seu Solon