sábado, 1 de dezembro de 2007

Caixinhas

Primeiro não tinha blog. Então a Lari me animou e fez um blog pra mim, que é esse. Aí me animei com a história e fiz mais outros.
Primeiro não tinha bichos, depois apareceu a gata. Então, para ela não se sentir sozinha, adotei o segundo bichano. Tenho cinco gatos.

Primeiro não tinha nenhuma tatoo. Então, o Lauro me convenceu que o Polaco era máximo (e é mesmo!), era amigo dele e faria um preço camarada. Fomos ao centro e nos tatuamos todos: a Margarida, o Be e eu. Já tenho três tatoos.

Primeiro só usava Bic escrita fina, que nem existe mais, depois ganhei uma caneta tinteiro de meu padrasto. Tenho mais de 10, e nem uso.

Primeiro ganhei uma caixinha marroquina, lindinha. Hoje entre latinhas e caixinhas não poderia revelar quantas são - porque não sei e há limites para o descaramento.

Primeiro não comia sobremesa nunca. Não gosto de doces em geral e chocolate em particular - sou muito metida e só como "os melhores" (juro que não é provocação, chocólatros queridos). Agora, não deixo passar um petit-gateau, nem do boteco da esquina - pasmem!

Nota-se que sou obsessiva. Sei disso muito bem e tenho pagado caro por isso, não se preocupem.

Assim, cadernos, papéis, lãs, botões, lápis, fitas, retalhos, miçangas, tintas acabaram ocupando armários, prateleiras, caixas e o meu espaço.

Em abril, quando saí um mês INTEIRO de férias, tomei a decisão. Abri cada armário, cada gaveta, cada caixa, cada saquinho e botei fora quilos de coisas. Fui metódica (não deixei passar nenhum cantinho), e desapressada. Há tudo que cabia a pergunta "mas será que vou usar?", rua. O que era lixo, lixo, e o que não era, fez a festa das filhas da Beth.

Levei quase o mês inteiro nessa tarefa. O mais profundo exercício da revisão da vida e do desapego. Curiosamente tenho pouquíssimas coisas que entram naquela categoria "isso eu não daria mesmo". Foi ótimo. Ao final, havia armário de sobra, gavetas e gavetas vazias, nada dentro de um saquinho plástico porque um dia iria reformar, tingir, usar.

Fiquei felicíssima e me prometi manter a ordem.

Não há mais um armário vazio, nenhuma gaveta sobrando. Papéis, caderninhos, blocos, canetas, sapatos, malhas, novas caixinhas já tomaram a paisagem doméstica.

Estou outra vez infernizada por um armário lotado, e sempre as mesmas três calças, cinco blusas e quatro sapatos. Pela caixa das contas que está um caos, pelos documentos que já se espalharam em esconderijos super seguros, criados por mim mesma, e que, óbvio, não faço a menor idéia de onde sejam.

Olho desanimada as pilhas crescerem. Não tenho a menor vontade de lidar com a coisa.

No meu caso, o inferno não são só os outros - sou eu mesma também.

3 comentários:

clarissa disse...

eu mal terminei de fazer isso com os sapatos e comprei outros SETE.
na verdade, não há limites para o descaramento...
beijo

Cuca disse...

Nem comentei o problema dos sapatos pois esse, no meu caso, é "incomentável". Só posso dizer que te entendo super bem!

Anônimo disse...

que bom que eu não sou o único louco ;-)